sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022

O Espírito sabe

O Espírito sempre sabe. Eu acredito que dentro da gente existe algo que sabe da nossa verdade, do que realmente importa para a nossa caminhada. Muita gente fala que é preciso ouvir o coração, a intuição, mas pouca gente realmente entende o que isso significa. Comigo foi preciso uma pandemia pra me fazer compreender que quando nos sentimos mal com alguma coisa é porque aquela situação realmente não é boa para a nossa trajetória e daqui para frente só tomarei alguma decisão se meu Espírito concordar.

Como percebemos que nosso Espírito está contra? Simplesmente pelo mal estar inexplicável, aquela sensação de angústia que não sabemos de onde vem, pois o que nossos olhos captam não bate com o sentimento. Porém, o Espírito sabe da verdade. De qualquer modo, eu entendi que mesmo que a experiência seja ruim, ela pode nos trazer coisas boas. No entanto, seria melhor não ter passado por ela.


Juntei-me a uma pessoa que meu Espírito nunca concordou. Eu via algo de errado, mas não sabia o que era. Sem querer, maltratava essa pessoa, do nada sentia coisas ruins e não sabia explicar. Ficava me perguntando: como posso tratar mal uma pessoa que só me faz bem? A pessoa faz tudo por mim e mesmo assim não consigo ser 100% com ela.


Então veio a pandemia e com ela uma reflexão que me faria entender a razão desse sentimento. A doença mundial trouxe o trabalho remoto e nele pude refletir sobre a forma como vendia o meu tempo. Senti tanta paz e tranquilidade como nunca havia sentido. Aí pude ver que todo o meu sofrimento no trabalho desde os tempos do correio era porque eu estava me sacrificando por outra pessoa. Afinal, eu trabalhava e estudava para que ela tivesse uma vida boa. Nesse momento eu compreendi que toda a raiva que eu sentia era por não dedicar o meu tempo a mim mesmo e por receber muito pouco em troca de um tremendo esforço.


Eu pegava sol e chuva entregando cartas porque tinha medo de voltar a passar fome, de depender dos outros. Eu queria ser independente, eu queria comer o que eu quisesse na hora que eu quisesse. Eu queria poder jogar vídeogame sem ter que ouvir ninguém reclamando da conta de energia. Porém, o preço não era baixo, pois teria que vender o meu tempo por uma quantia que não estava à altura. Assim, depois do rala, eu sentia uma raiva que não conseguia entender, já que ninguém estava me maltratando. Com isso eu acabava dando patadas em quem não tinha nada a ver (pelo menos, conscientemente).


Só que o fim de semana era muito curto. Afinal, eram cinco dias de trabalho pesado. Mesmo que eu não soubesse traduzir em palavras o que eu sentia, algo dentro de mim sempre soube que isso não valia a pena. Mas não tinha outra alternativa. Era aceitar isso ou voltar a mendigar. Era o abismo ou o precipício. Mas pelo menos eu tinha dois dias com o que eu mais gostava. 


O problema é que a gente pensa que a experiência vivida é apagada assim que passamos por ela. Eu ainda não posso provar (27/02/2022), mas eu acredito que exista em algum lugar uma espécie de HD que armazena toda a nossa vida. Nesse mesmo lugar existe um processador que analisa tudo e que nos envia respostas sobre o que vemos na vida. De modo que a raiva ou alegria que sentimos diante de algo sempre tem um motivo e esse motivo está armazenado nesse HD.

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