Uma das melhores viradas de ano da minha vida. Eu tinha comprado uma passagem de ônibus para Porto Velho, porque, pelos meus cálculos, estaria na estrada na hora da passagem do ano. Porém, algo no meu espírito começou a indicar que não seria uma boa opção. Então, resolvi cancelar a passagem e pegar o dinheiro de volta.
No sábado pela manhã, fui direto à rodoviária e felizmente deu tudo certo. Em seguida, me dirigi ao shopping, já que ele ficaria aberto até às 18 horas e resolvi passar o dia lá para evitar o barulho dos rojões. Uma vez que, no dia 31 de dezembro, a vizinhança costuma comemorar a virada fazendo barulho a partir dos primeiros raios de sol. O dia estava com uma aparência belíssima: ensolarado com céu azul. Eu sentia uma energia boa, como se eu fosse ter muita paz.
No almoço, degustei um churrasquito acompanhado de arroz e feijão preto. Depois comprei o ingresso para o filme do Homem-Aranha Sem Volta Pra Casa que começaria às 14 horas e terminaria mais ou menos 17 e 30. Esse período de paz estava garantido, faltava agora pensar no que fazer à noite até o momento pós-virada.
Dei um bom cochilo durante o filme e quando acordei já estava quase na última parte. Continuei assistindo até o fim, inclusive degustando as cenas pós-créditos e permaneci na sala até o último segundo do longa-metragem. Mesmo assim, ainda deu tempo de comprar uma cueca nova e vesti-la no banheiro do shopping, pois a outra estava incomodando e eu queria iniciar o ano sem nenhum aborrecimento. Notei que havia umas 15 pessoas na praça de alimentação e isso me fez concluir que se dependesse de mim e delas, o horário de funcionamento seria de 24 horas.
Saí de lá e o clima não aparentava chuva. Lembro de ter pegado muito pé-d'água na estrada nesta mesma data em anos anteriores. No entanto, eu estava me sentindo bem, pois meu coração não sinalizava nenhum tipo de apreensão. Por outro lado, poucos carros transitavam na BR e isso indicava que a maioria já estava se preparando para as festas que cada um tinha programado nos mais diversos cantos da cidade. Talvez eu fosse o único que iria viver esse momento sozinho. Porém, a aparente solidão não me entristecia, pelo contrário, só me alegrava, pois a expectativa de ter paz enchia minha alma de felicidade.
Fui à Havan, mas já estava fechando e o segurança não permitia que ninguém mais entrasse. Eu estava planejando ficar lá pelo menos até às 22 horas, mas fui frustrado. Então resolvi dar algumas voltas no trecho compreendido entre o aeroporto e a Fundhacre. Chegando na rotatória que fica na entrada do aeroporto, resolvi ver quanto tempo eu gastaria para chegar ao Bujari e com isso calcular quanto tempo eu deveria gastar tanto na rodovia como no aeroporto. Levei 10 minutos para chegar ao município e assim eu percebi que a ida e a volta custariam 20 minutos que somados aos 20 minutos do trajeto entre o aeroporto e a Fundhacre seriam 40 minutos de estrada.
Portanto, eu precisaria dar 6 voltas completas para chegar a 4 horas. Se já eram 19 e 30, quando eu terminasse a última volta, faltariam apenas trinta minutos para a meia-noite e eu poderia muito bem ficar no estacionamento do aeroporto esperando a passagem do ano e foi isso mesmo que fiz. Lembrando que o tempo mencionado é uma média que pode variar para menos ou para mais, já que algumas voltas foram maiores que outras.
Por outro lado, eu sabia que o voo da Latam chegaria às 22 horas e só decolaria às duas da madrugada e assim eu também poderia ficar lá me fazendo de acompanhante de passageiro e desse modo passar a virada de ano com o máximo de tranquilidade possível. Resolvi ficar um tempo no estacionamento. Depois que o avião chegou eu fui para o segundo piso fingir que estava esperando alguém. Esperei o desembarque e em seguida desci para a lanchonete. Lá eu tomei dois sucos de laranja e voltei para o estacionamento. Muita gente começou a chegar para fazer o check-in e embarcar no voo das duas da madrugada. Fiquei no carro até chegar a meia-noite. Fui novamente para o segundo piso e pude ver a queima de fogos lá no centro da cidade, pois de lá, por ser uma parte alta, dava para ver alguns dos foguetes. Voltei novamente para o carro e só saí de lá quando o avião decolou.
Agora, mais de duas da madrugada, pensei em voltar para casa, pois não era possível que alguém ainda estivesse soltando rojões. Mesmo assim, pra garantir, resolvi dar mais algumas voltas até às três da madruga e só então fui para casa. Havia festa no vizinho e o som estava alto. Coloquei os fones pra evitar surpresas e então dormi. Acordei umas dez da manhã e o sol estava tinindo. Fui conferir se o shopping estava aberto e realmente estava, mas as lojas e a praça de alimentação estavam fechadas. Então voltei para casa e felizmente os vizinhos não soltaram mais rojões e iniciamos o ano com muita paz.
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